quarta-feira, 7 de julho de 2010

Para que serve o Yôga?

Muitas vezes, nós, instrutores, somos questionados a respeito da funcionalidade do Yôga. Mas, afinal, porque o Yôga deveria servir para alguma coisa? No entanto, na sociedade em que vivemos, é natural valorizarmos as coisas pela utilidade que possuem. Paciência...não podemos mudar o mundo. No texto abaixo você tem a resposta para essa pergunta que continuará a ser pronunciada ainda muitas vezes!

Para que serve o Yôga?

O Yôga não visa a resolver as mazelas do trivial diário 

e sim a grande equação cósmica da evolução.

DeRose

Quando se fala sobre Yôga, surge logo a pergunta: “para que serve o Yôga, quais são os benefícios que proporciona?” Pense bem: por que o Yôga precisa proporcionar algum benefício?

Nestes últimos 50 anos, não houve um entrevistador de televisão que tenha deixado de fazer essa indefectível pergunta, ao iniciar seu diá­logo com um instrutor de Yôga. Raras são as pessoas que, ao ser ins­tadas por um amigo a praticar Yôga, não perguntem a mesma coisa, como se estivessem a declarar: “Está bem, posso até praticar Yôga, mas o que eu ganho com isso?”

Se essa pessoa fosse convidada a praticar Tênis, Karatê, Natação ou Dança, perguntaria para que serve cada uma dessas modalidades, ou que benefícios receberia em troca, se concedesse a graça da sua presença?

Não é convincente a justificativa de que é preciso fazer tal pergunta por ninguém conhecer bem o Yôga. Isso pode servir para os segmen­tos semi-analfabetos das populações pobres, mas não para as classes medianamente instruídas. O Yôga está expressivamente difundido há mais de um século no Ocidente. É difícil encontrar um clube que não tenha aulas de Yôga. Rara é a revista ou jornal que não publique pelo menos uma reportagem por ano sobre o tema. Portanto, trata-se de uma postura viciosa, saída não se sabe de onde, essa que induz a po­pulação a fazer automaticamente aquela pergunta nada lisonjeira.
Por qual motivo o Yôga precisa proporcionar algum benefício? Golfe, Tênis, Aeróbica, Rugby, Skate, Surf, Ginástica Olímpica e muitas ou­tras atividades físicas são proverbialmente prejudiciais à coluna, arti­culações, ligamentos, mas, apesar disso, legiões dedicam-se a elas, mesmo sabendo que trazem mais malefícios do que benefícios. Al­guém perguntaria: “Para que serve a Ginástica Olímpica? Que bene­fícios me proporcionaria? Sim, porque preciso saber antes de decidir praticá-la. Como é que eu entraria sem saber para que serve?”. Para que serve aprender pintura, escultura, teclado ou canto? Alguém em sã consciência cometeria tal questionamento?
Faça Yôga antes que você precise

Faça Yôga por prazer como faria alguma daquelas modalidades espor­tivas ou artísticas. Consideramos um procedimento mais nobre ir ao Yôga sem finalidade de benefícios pessoais, mas sim impelido pelo mesmo motivo que induz o artista a pintar o seu quadro: uma mani­festação espontânea do que está em seu íntimo e precisa ser expres­sado. Faça Yôga se você gostar, se tiver vocação, se ele já estiver fer­vilhando em suas veias. Não porque precise.

Não é justificável buscar o Yôga nem mesmo por motivação espiritua­lista, pois não deixa de ser uma forma de egotismo dissimulado, já que visa a uma vantagem espiritual.
Se o praticante busca exclusivamente as conseqüências secundárias, que são a terapia, a estética, o relaxamento, limitar-se-á às migalhas que caem da mesa – e o instrutor não conseguirá ensinar-lhe realmente Yôga, tal como o professor de Ballet não conseguiria ensinar dança a um aluno que almejasse apenas perder peso.

Texto extraído do livro Tratado de Yôga Antigo, DeRose

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