Lendo Manuel Bandeira no meu livro rabiscado, encontrei esse poema, tantas vezes lido e sublinhado. Nunca pensei que pudesse entender tão bem o que está escrito, pois nele consegui entender também como deve estar se sentindo um amigo querido. No poema, Bandeira reúne trechos de vários poemas seus para recriar sua antologia.
Antologia
A vida
Não vale a pena e a dor de ser vivida.
Os corpos se entendem mas as almas não.
A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.
Vou-me embora p'ra Pasárgada!
Aqui eu não sou feliz,
Quero esquecer tudo:
- A dor de ser homem...
Este anseio infinito e vão
De possuir o que me possui.
Quero descansar
Humildemente pensando na vida e nas mulheres que amei...
Na vida inteira que podia ter sido e não foi.
Quero descansar.
Morrer.
Morrer de corpo e de alma.
Completamente.
(Todas as manhãs o aeroporto em frente me dá lições de partir.)
Quando a Indesejada das gentes chegar
Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,
A mesa posta,
Com cada coisa em seu lugar.
Poema escrito em setembro de 1965.
Um comentário:
que ele, embora vivo, descanse em paz. e nós também, rrssrsss...
Postar um comentário