domingo, 5 de setembro de 2010

Meu tio Joaquim



O Joaquim era o meu tio avô, mas no fundo sempre quis que ele fosse mesmo o meu avô de verdade. Já completava 81 anos. Foi uma pessoa feliz e apaixonada. Ele tinha a pele branca, macia, cheirosa (de tanto talco que passava) e sardas que lhe davam um ar de moleque. Teve muitos filhos e netos, uma vida feliz e amigos que vão sentir saudades. Talvez o mais lindo na sua história que terminou ontem, foi o amor que teve pela minha tia. Um amor que já passava dos 60 anos de convívio. Jamais tiveram motivos para brigar. Quando minha tia ralhava com ele, ele logo respondia com uma gracinha, mudava de assunto e já estavam sorrindo novamente. Se amavam tanto! Nunca tiveram aquela fase dos amantes já antigos que perdem o interesse um pelo outro. Um pouco antes de partir, ele queria namorar mais uma vez e não teria sido a última. Mas sentiu qualquer dorzinha nas costas e deitou. Foi assim mesmo que ele se despediu da vida, querendo mais uma vez provar do seu amor.

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