nosso último beijo
depois de tantos outros
beijos foi no meio
do trânsito na sinaleira
fechada entre o caminho
que nos levava pra
algum lugar no meio
do dia no meio da gente
no fim de tudo no fim
da linha quando nada
nos impedia de ser só
aquilo o último beijo
entre tantos desejos
insolúveis como o
café que foi se tornando
a nossa história mal
passado frio fora
da hora do tom da vida
e nossos lábios foram
um e nossas línguas
foram mãos e nossos
olhos foram vãos
pra não dizer nada
pra não saber nada
pra ser somente o
último beijo na esquina
de mim na sua estrada
entre buzinas e luzes
da minha cabeça louca
de sensações sem droga
sem nexo com a dor
do parto da hora
perdida em outro fato
de outras histórias
que não são nossas
e veio a saudade
misturada com a saliva
e a sua mão levando
a minha para o cume
alto do seu sexo
tardio bêbado de mim
e a sinaleira fechada
parada no tempo
esperando o último
beijo sem sentido
no último segundo
e eu torcendo pelo
fim do mundo e eu
querendo o fim
de tudo mas a sinaleira
abriu o beijo se tornou
o último e o mundo
seguiu e rompi todas
as portas e janelas
de mim pra entrar
o primeiro beijo
da próxima esquina
minha de uma estrada
nova sem sinal
nem placa
de pare
nem placa
de pare
Um comentário:
Amei! Do teu jeito, que é só teu, tuas palavras sempre me encantam. Pra dizer muito ou pouco, sempre ecoam em mim.
Postar um comentário