Uma tarde maluca jogados
no sofá público de estar
nos sentamos lado a lado
de nós mesmos apertados
um no outro quase pra não
caber em si o que somos
e seus dedos se encontraram
com o toque macio da segunda pele
que cobria meu ventre já molhado
e seus olhos na minha a boca
e minha boca nos seus olhos
e minhas mãos com fome
se alimentando do seu céu
e seus dedos afastaram
o véu que cobria meus
líquidos tenros sulcos
tua boca molhada aberta
até mostrar seus sonhos
e nada fazia sentido e tudo
naquele instante fazia
sentido e os vidros todos
pra rua e a porta pra tudo
aberta e nós dois água
de nós mesmos escorrendo
pelo sofá pelo chão pelo teto
a sala ficou pequena o relógio
parou e esquecemos quem somos
onde estávamos pra que viemos
e aquele flash ficou marcado
da nossa presença no sofá
público entre livros e esquecimentos
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