domingo, 1 de agosto de 2010

Animal Agonizante, de Philip Roth


A narrativa acompanha os pensamentos do seu protagonista, David Kepesh, uma personalidade inteligente e corrosiva que é movido por uma obsessão sexual, a bela Consuela Castilho.
 
Aqui, Philip Roth também trata do envelhecimento como uma catástrofe inevitável, assim como o fez em O fantasma sai de cena. Seu envolvimento com Consuela, uma das muitas alunas com quem manteve um relacionamento, é marcado por uma tragédia que se abate sobre ela.
 
No entanto, para mim, o livro é significativo pelas suas observações acerca da velhice e do casamento e todas suas implicações futuras.
 
Esse livro já passou para as telas do cinema pela diretora espanhola Isabel Coixet, com o nome de Fatal, mas perdeu em conteúdo carregando o filme de um sentimentalismo raso que não está presente na narrativa. Uma pena que tenha perdido tanto do universo de Philip Roth.
 
Sobre o autor:
 
Em 1997 Philp Roth ganhou o Prêmio Pulitzer por seu romance Pastoral Americana. É o terceiro americano vivo a ter sua obra publicada em edição abrangente e definitiva pela Library of América. São oito volumes, o último dos quais deverá ser publicado em 2013.

Marca-livro:

 
É importante traçar uma distinção entre o morrer e a morte. O morrer não é um processo ininterrupto. Se a gente tem saúde e se sente bem, é um processo invisível. O final que é uma certeza nem sempre se anuncia de maneira espalhafatosa. Não, você não consegue entender. A única coisa que você entende a respeito dos velhos quando você não é velho é que eles foram marcados pelo tempo. Mas compreender isso só tem o efeito de fixá-los no tempo deles, e assim você não compreende nada. Para aqueles que ainda não são velhos, ser velho significa ter sido. Porém ser velho significa também que, apesar e além de ter sido, você continua sendo. Esse ter sido ainda está cheio de vida. Você continua sendo, e a consciência de ter sido. Eis uma maneira de encarar a velhice: é a época da vida em que a consciência da sua vida está em jogo é apenas um fato cotidiano. É impossível não saber o fim que o aguarda em breve. O silêncio em que você vai mergulhar para sempre. Fora isso, tudo é tal como antes. Fora isso, você continua sendo imortal enquanto vive.