terça-feira, 28 de setembro de 2010

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Simples assim


Outro dia, estava num café com duas amigas, parlando. Conversa entre amigas sempre tem o que falar, ainda mais se todas são mulheres. Sempre tem assunto pra jogar fora ou pra jogar dentro. Depois de todos os doces, cafés e afins, com a a palavra ainda mais concorrida, vejo, sem olhar, um homem que levanta da sua mesa, caminha alguns passos e se aproxima de nós. Paramos o trelelé e olhamos na sua direção. De forma muito simpática, com os braços ocupados em carregar alguma coisa, e com um largo sorriso no rosto, ele olhou pra mim e disse: você é muito linda. Foi só o tempo de agradecer e sorrir, ele logo se virou e foi pagar sua conta no caixa ao lado. Simples assim. Claro que esse fato gerou mais papo. Percebemos que:

1 - Ele não era brasileiro
2 - E por isso mesmo, não foi uma cantada
3 - Ele apenas teceu um elogio
4 - O elogio foi muito bem-vindo, obrigada.

O dia, depois disso, ficou muito mais simpático...

Tem coisas

Tem coisas que só o tempo faz por você.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Passarando

Passou o trem
e eu vi
cada pássaro
um por um
pela janela
passeando
por mim

passado
em ti

passarou

Acontecimentos

Às vezes você quer muito uma coisa. Faz tudo por ela: move, remove e se descabela. E aquela coisa que você queria muito desacontece. 

Basta querer logo outra coisa... Uma hora alguma coisa acontece. 

(eu desejo acontecimentos)

Fora de mim


Passei tanto tempo fora de mim que hoje acordei com saudades da Naiana.

Bilhete


Nunca pensei que fosse tão fácil ser feliz.

O constante diálogo, Drummond

Há tantos diálogos

Diálogo com o ser amado
                      o semelhante
                      o diferente
                      o indiferente
                      o oposto
                      o adversário
                      o surdo-mudo
                      o possesso
                      o irracional
                      o vegetal
                      o mineral
                      o inomimado

Diálogo consigo mesmo
              com a noite
              os astros
              os mortos
              as ideias
              o sonho
              o passado
              o mais que futuro

Escolhe teu diálogo
                             e
tua melhor palavra
                           ou
teu melhor silêncio
Mesmo no silêncio e com o silêncio
dialogamos.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

O tempo da lua


olhei pro céu
meia lua

quando olhar
pro céu

de novo

já vai ser
lua cheia

esse tempo
entre luas

é o tempo
que preciso

pra voltar
a ser

inteira

Presente

Talvez ele não saiba (ou finja não saber para me fazer relembrá-lo toda vez que esquecer...)
Que quando estou feliz, por qualquer motivo, ao vê-lo, minha felicidade se multiplica
Que me falta quando está ausente
Que sofro ao vê-lo triste.
 
Talvez ele não saiba (mas agora saberá...)
Que o amo como a um amante, um irmão, um amigo
Que o desejo, mesmo que silenciosamente
Que o admiro sendo ele assim, menino que é.
 
Talvez ele saiba (mas faço questão de repetir...)
Que o desculpo pelas suas fraquezas, medos e inseguranças
Pois tudo isso só me faz ver o quanto ser humano ele é.
Que o entendo mesmo sem compreender
Suas angústias, suas fantasias, sua imaginação
De menino tão só, mas tão cheio de sinceridade.
 
Talvez eu não tenha dito, nem escrito (e me faço poeta...)
Para lembrá-lo que ele existe em mim a todo instante
Mesmo longe, até perto, onde nem ele supõe conseguir chegar.
 
Talvez eu me esqueça de dizer tanta coisa (que mereça ser dita...)
E lhe peço, me peça para que eu diga o que me esqueci de lhe dizer.
 
Talvez fiquemos juntos para sempre, talvez não, quem saberá dizer?
Talvez a distância nos aproxime, talvez a vida nos encaminhe.
Talvez o que pareça ser não é.
 
Ah, se ele soubesse...(mas vai saber).
Que me pego a sonhar entre as pernas dele até o amanhecer...
 
Existem perguntas que o só tempo saberá responder.
(Sejamos pacientes com o tempo, ele há de ser o nosso maior presente.)

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Você me faz esquecer tantas coisas


Vê-lo adormecer
é esquecer 
a chaleira ferver 
a água pro chá

Ter olhinhos infantis

Ter olhinhos infantis
Ver que o céu é azul
e o sol amarelo

Acreditar nas cores
Desaprender
nome por nome

Intensamente

Quanto mais intensamente
se pensa sobre as coisas

mais intensamente
existem

e mais intensamente
perdem o mistério

Meu ver sentimental

são falsos dilemas
rupturas
de mim

todas as coisas
pequenas
ou grandes

fazem festa
no meu ver
sentimental

alegro
o meu viver
nas Primaveras

na voz que canta
no canto que leio
meus versos

tudo faz sentido
no azul que há
em mim

todas as noites
estreito meu sono
com as estrelas

no amanhecer
faço graça
comigo

passo o dia
tendo ideias
de me ser

I've Got To See You Again

Lines on your face don't bother me
Down in my chair when you dance over me
I can't help myself
I've got to see you again

Late in the night when I'm all alone
And I look at the clock and I know you're not home
I can't help myself
I've got to see you again

I could almost go there
Just to watch you be seen
I could almost go there
Just to live in a dream

But no I won't go for any of those things
To not touch your skin is not why I sing
I can't help myself
I've got to see you again

I could almost go there
Just to watch you be seen
I could almost go there
Just to live in a dream

No I won't go to share you with them
But oh even though I know where you've been
I can't help myself
I've got to see you again

                   ***

As linhas em seu rosto não me incomodam
Afundo em minha cadeira quando você dança sobre mim...
 

Fusion, Jorge Drexler


¿Dónde termina tu cuerpo y empieza el mío?
A veces me cuesta decir.
Siento tu calor, siento tu frío,
me siento vacío si no estoy dentro de tí.

¿Cuánto de esto es amor? ¿Cuánto es deseo?
¿Se pueden, o no, separar?
Si desde el corazón a los dedos
no hay nada en mi cuerpo que no hagas vibrar.

¿Qué tendrá de real
esta locura?
¿Quien nos asegura
que esto es normal?
Y no me importa contarte
que ya perdí la mesura
que ya colgué mi armadura en tu portal.

Donde termina tu cuerpo y empieza el cielo
no cabe ni un rayo de luz.
¿Que fue que nos unió en un mismo vuelo?
¿Los mismos anhelos?
¿Tal vez la misma cruz?

¿Quien tiene razón?
¿quien está errado?
¿Quien no habrá dudado
de su corazón?
Yo sólo quiero que sepas:
no estoy aquí de visita,
y es para ti que está escrita esta canción

                           ***


Onde termina teu corpo e começa o meu?
Às vezes é difícil dizer.
Eu sinto seu calor, sinto seu frio
Eu me sinto vazio, se não estou dentro de você.


Quanto disto é amor? Quanto é desejo?
Pode ou não separar?
Se desde o coração aos dedos
Não há nada em meu corpo que não vibra.


O que tem de real
nesta loucura?
Quem nos garante
que isso é normal?
Eu não me importo em dizer
que já perdi a prudência
Eu já pendurei minha armadura em seu portal.


Onde termina teu corpo e começa o céu?
não cabe nem um raio de luz.
O que foi que nos uniu em um mesmo vôo?
Será que os mesmos desejos?
Talvez a mesma cruz?
Quem está certo?
quem está errado?
Quem não duvidou
de seu coração?
Eu só quero que saibas:
não estou aqui de visita,
e é para você que escrevi essa canção.

E se eu tivesse...


E se eu tivesse
dito qualquer coisa
no jardim da casa
na grama refeita
pelas suas mãos
(mais longas que a folha)

Que palavras seriam?

E se você tivesse
dito qualquer coisa
no meu caminho
entre a praia e a casa
para os meus olhos
te ouvirem

Será que estaríamos?

E se o tempo não tivesse nos unido
entre uma rua, um rio, uma rede
tanto tempo depois…

Será que saberíamos?

domingo, 12 de setembro de 2010

Em mim

são papeis sobre a mesa
latidos pela rua
e a televisão
que murmura

são envelopes fechados
mensagens não lidas
e a rádio
que me toca

são palavras novas
convites refeitos
e a luz
que se ascende

são tantas coisas
ao meu redor
mas é em mim
que me deixo

parar

Falta

Para muitos, resolver um problema significa apagá-lo de suas vidas. E como fazem isso? Alguns fogem, se escondem em algum canto do mundo, outros literalmente o exterminam... e se for uma pessoa, bem... ela deixa de existir também para os outros. Mal sabem elas que estão contraindo um problema ainda maior do que o primeiro. Vai entender! Parece falta de estrutura para contornar as dificuldades, falta de flexibilidade, falta de visão, incapacidade de se responsabilizar pelos seus atos. Falta...de alguma coisa.
 ***
Já estou com os 68 contos do Carver nas mãos. O livro é pesado e os contos são um soco no estômago de qualquer um. O primeiro deles, Estações Tempestuosas, relata exatamente o fato de alguém se ver diante de um acontecimento que, aparentemente, não tem solução. O conteúdo é relevante, o tema intrigante, mas o melhor dele é a forma. Um conto bem amarrado, com uma estrutura incomum e uma linguagem limpa. Nada fora do lugar. Ele segue examente a teoria do russo Turguêniev ao não deixar nada sobrando nos seus textos. Turguêniev dizia mais ou menos assim: se você coloca uma espingarda no seu conto faça com que ela dispare. Carver é perfeito nisso.

Primaveras


...e floresceram as Primaveras.

sábado, 11 de setembro de 2010

Olmo, Sylvia Plath

Sei o que  há no fundo, ela diz. Conheço com minha própria raiz.
Era o que você temia.
Eu não: já estive lá.

É o mar que você ouve em mim.
Suas frustrações?
Ou a voz do nada, essa é sua loucura?

O amor é uma sombra.
Como você chora e mente por ele.
Ouça: estes são seus cascos: fugiram, como cavalos.

Vou galopar a noite inteira assim, impetuosa,
Até que sua cabeça vire pedra, seu travesseiro vire turfa,
Ecoando, ecoando.

Ou devo te trazer o borbulhar das poções?
Isso agora é chuva, esse silêncio imenso.
E este é seu fruto: branco-metálico, como arsênico.

Sofri a atrocidade dos poentes.
Queimada até as raízes
Meus filamentos ardem e ficam, emaranhados de arames.

Meus estilhaços se espalham em centelhas.
Um vento violento assim
Não suporta obstáculos: preciso gritar.

A lua, também, não tem pena de mim: me engole
Cruel e estéril.
Seus raios me arruínam. Ou quem sabe a peguei.

Eu a deixo ir, ir
Magra e minguante, como depois de uma cirurgia radical.
Seus pesadelos me enfeitam e me possuem.

Dentro de mim mora um grito.
De noite ele sai com suas garras, à caça
De algo pra amar.

Sou aterrorizada por essa coisa negra
Que dorme em mim;
O dia inteiro sinto seu roçar leve e macio, sua maldade.

Nuvens passam e se dispersam.
São estas as faces do amor, pálidas, irrecuperáveis?
Foi pra isso que agitei meu coração?

Sou incapaz de mais compreensão.
E o que é isso agora, essa face
Assassina em seus galhos sufocantes? -

O beijo traiçoeiro da serpente.
Petrifica o desejo. Esses são os erros, solitários e lentos,
Que matam, matam, matam.

Confissões de Sylvia Plath



Poesia é uma disciplina tirânica. Você tem de ir tão longe, tão rápido, em tão pouco tempo, que nem sempre é possível dar conta do periférico. Num romance talvez eu possa conseguir mais da vida, mas num poema eu consigo uma vida mais intensa.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Sem trapaça, Luiz Melodia

Tô quase acreditando
Sem trapaça, que esta sorte me levou
Tanta vida pra viver
Tô quase acreditando
Sem trapaça, que esta sorte me encontrou

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Um encontro inesperado


Naiana encontrou Ana que encontrou Pati que encontrou Jana. 
Perdemos os artigos mas ganhamos em substantivos.

Primeiro de Julho, Renato Russo

Eu vejo que aprendi
O quanto te ensinei
E é nos teus braços que ele vai saber
Não há por que voltar
Não penso em te seguir
Não quero mais a tua insensatez
O que fazes sem pensar aprendeste do olhar
E das palavras que guardei pra ti

Não penso em me vingar
Não sou assim
A tua insegurança era por mim
Não basta o compromisso,
Vale mais o coração
Já que não me entendes, não me julgues
Não me tentes
O que sabes fazer agora
Veio tudo de nossas horas
Eu não minto, eu não sou assim

Ninguém sabia e ninguém viu
Que eu estava a teu lado então
Sou fera, sou bicho, sou anjo e sou mulher
Minha mãe e minha filha,
Minha irmã, minha menina
Mas sou minha, só minha e não de quem quiser
Sou Deus, tua Deusa, meu amor
Alguma coisa aconteceu
Do ventre nasce um novo coração

O que fazes por sonhar
É o mundo que virá, pra ti.. para mim...


Mais feliz, Adriana Calcanhoto

O nosso amor não vai parar de rolar
De fugir e seguir como um rio
Como uma pedra que divide um rio
Me diga coisas bonitas

O nosso amor não vai olhar para trás
Desencantar, nem ser tema de livro
A vida inteira eu quis um verso simples
P'ra transformar o que eu digo

Rimas fáceis, calafrios
Fure o dedo, faz um pacto comigo
Num segundo teu no meu
Por um segundo mais feliz

Quem somos?, Mário Quintana


Todas as nossas carteiras de identidade são falsas. E a primeira curiosidade de quem morreu é saber qual é mesmo o seu verdadeiro nome.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Pétala, Djavan

Por ser exato o amor não cabe em si
por ser encantado o amor revela-se
por ser amor invade e fim.
 

Quando eu amo, amo bastante

Realmente, não sou de me lamentar. Mas confesso que nos últimos meses minha fraqueza foi justamente essa. Mas como diria uma conhecida minha: passou, agora passou. Não sei o que é mais chato nessa história toda, se os meus nheco-nhecos ou os amigos ouvindo meus miados. Cheguei a ter brotoeja de tanta chatice e sabe-se lá quem mais teve os mesmos sintomas. Claro, essa coisa contagia todo mundo. Consegui me encaixar em todos os poemas e músicas tristes, usei muitos lencinhos pra secar a última lágrima, passei horas olhando para o meu papel de parede e pensando na vida. Que  vida? Aquilo tinha outra nome. Vida é essa que começo a viver agora. Me senti cafona, fora de moda, em outro século. Mas não me arrependo de nada, tudo tem o seu valor, mesmo aquilo que nos ensina a ser o que nunca fomos. E agora consigo me encaixar tão bem em outros poemas, como esse do Fernando Pessoa:


Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)


O que levo disso tudo é uma profunda vontade de amar mais e melhor. Nada me desvirtua desse destino: de amar e ser amada. Nenhuma desilusão, nem grande, nem pequena, me tiram desse caminho. Nada, nem as palavras no lugar errado, nenhum fato, me afastam da certeza de que sempre vale a pena amar mais uma vez. Sem mágoas ou memórias tristes. Pra mim, ficam só as coisas boas. Sempre foi assim e é por isso que sempre amei bastante. É por esse motivo que além de continuar amando quem escolhi para amar a vida toda, ainda vou agregando novos amores. Tem muito espaço no meu coração. E a minha máxima continua valendo: se é amor, ele não fim, tem recomeço.

Dó duplo, Ana Thompson Flores

Sinto dó das pessoas que dizem que adorariam fazer tal coisa mas estão sem tempo. Na verdade, sinto dó duas vezes. Um dó duplo. Sabe por que? Em primeiro lugar porque tempo para mim é sinônimo de vida. Assim, quando alguém me diz que está com o tempo escasso logo entendo que está com a vida escassa. Vida escassa! Pense bem, vida escassa. Isso parece ser bem triste.

Explicado o primeiro dó, vamos ao segundo. Com frequencia percebo que quando alguém diz que está sem tempo, na verdade, está mentindo. Mentira dupla, porque além de mentir para os outros, está mentindo para si mesmo, o que é muito pior e digno de pena. Na maioria das vezes há tempo sim, é só uma questão de prioridade. Escolher é algo tão nobre. Não ter tempo é algo tão pobre. Não entendo como é possível confundir tanto escolher com não ter tempo. São duas coisas de natureza bem distintas.

Tenho um aluno que não vem à aula há meses porque tá sem tempo. Toda a semana ele me liga para dizer que tá na correria, sem tempo para respirar, mas que ama as aulas, que sente muita falta e que semana que vem vai aparecer. Ele nunca aparece, claro - porque está sem tempo. Ontem soube que ele está fazendo aula de dança, duas vezes por semana. Áh, cada aula tem duas horas de duração, isto é, são quatro horas dançando durante a semana. Nada mal para quem estava sem tempo nem para respirar. Ele está dedicando o tempo que tem, ou a vida que tem, para dançar e isso é admirável. Só fico aqui me perguntando se não seria mais fácil ele dizer escolhi fazer aula de dança. Mas não, ele prefere ficar nessa coisa triste de estou sem nada de tempo. E eu do outro lado entendendo que a criatura está sem nada de vida.

E o que pensar daqueles que não têm tempo para encontrar com seus amigos? Que não conseguem retornar as ligações ou responder e-mails porque não tiveram tempo? Coitados. Coitados mesmo. Dó duplo pra eles. Se ao menos assumissem que escolheram fazer outra coisa, tudo bem. Repito, escolher é algo tão nobre. Não vamos tomar um café porque a minha prioridade é fazer tal curso. Sem problemas. Não vamos nos encontrar hoje porque priorizo o meu trabalho. Ótimo, seu trabalho lhe dá dinheiro e prazer e isso é muito bom. Não vamos nos ver porque escolhi fazer outra coisa. Ok! Escolher é demais. Parabéns pela sua escolha. Só não me faça sentir pena de você com essa cafonice de estou sem tempo...

It's a Long Way, Caetano Veloso


Woke up this morning
Singing an old, old Beatles song
We’re not that strong, my lord
You know we ain’t that strong
I hear my voice among others
In the break of day
Hey, brothers
Say, brothers
It’s a long long long long way

Os olhos da cobra verde
Hoje foi que arreparei
Se arreparasse a mais tempo
Não amava quem amei

Arrenego de quem diz
Que o nosso amor se acabou
Ele agora está mais firme
Do que quando começou

It's a long road

A água com areia brinca na beira do mar
A água passa e a areia fica no lugar

E se não tivesse o amor
E se não tivesse essa dor
E se não tivesse sofrer
E se não tivesse chorar
E se não tivesse o amor

No Abaeté tem uma lagoa escura
Arrodeada de areia branca

Mora na filosofia, Caetano Veloso


Eu vou te dar a decisão
Botei na balança
E você não pesou
Botei na peneira
E você não passou
Mora na filosofia
Pra que rimar amor e dor
Se seu corpo ficasse marcado
Por lábios ou mãos carinhosas
Eu saberia, ora vai mulher,
A quantos você pertencia
Não vou me preocupar em ver
Seu caso não é de ver pra crer
Ta na cara

Silêncio


Existe um tempo em que o mais importante é o silêncio.

Compartimentando a vida


Arrancar do dia uma hora? Desfazer o que já aconteceu? Acho que a vida ficou mais fácil com a tecnologia, mas também acho que a vida não é fácil como a tela de um computador. Não tem tecla de retorno nem páginas seguintes. Não dá para mudar de paisagem num clique nem olhar várias janelas de uma só vez. No fundo, acho que a vida ficou mais dífícil com a tecnologia...

Paciência, Lenine

Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de calma
A vida não pára
Enquanto o tempo acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora vou na valsa
A vida tão rara
Enquanto todo mundo espera a cura do mal
E a loucura finge que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência
O mundo vai girando cada dia mais veloz
A gente espera do mundo e o mundo espera de nós

Um pouco mais de paciência
Será que é o tempo que me falta pra perceber
Será que temos esse tempo pra perder
E quem quer saber
A vida é tão rara (Tão rara)

Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de calma

Eu sei, a vida não pára
A vida não pára não

domingo, 5 de setembro de 2010

Mudei

 
Nunca gostei de surpresas. Mudei de ideia, pelo menos por uma noite.

Meu tio Joaquim



O Joaquim era o meu tio avô, mas no fundo sempre quis que ele fosse mesmo o meu avô de verdade. Já completava 81 anos. Foi uma pessoa feliz e apaixonada. Ele tinha a pele branca, macia, cheirosa (de tanto talco que passava) e sardas que lhe davam um ar de moleque. Teve muitos filhos e netos, uma vida feliz e amigos que vão sentir saudades. Talvez o mais lindo na sua história que terminou ontem, foi o amor que teve pela minha tia. Um amor que já passava dos 60 anos de convívio. Jamais tiveram motivos para brigar. Quando minha tia ralhava com ele, ele logo respondia com uma gracinha, mudava de assunto e já estavam sorrindo novamente. Se amavam tanto! Nunca tiveram aquela fase dos amantes já antigos que perdem o interesse um pelo outro. Um pouco antes de partir, ele queria namorar mais uma vez e não teria sido a última. Mas sentiu qualquer dorzinha nas costas e deitou. Foi assim mesmo que ele se despediu da vida, querendo mais uma vez provar do seu amor.

Estive, mas não estou mais...

também estive triste. com olhos distantes de mim. procurando por um tempo que não existe. será mesmo que a vida passa pela gente? ou será que somos nós que passamos por ela? nem sei. tive vontades, nesse dia, de estar em lugar nenhum. de caminhar na direção do nada. de percorrer caminhos sem fim. desejo de nada desejar. ah, um vazio. mesmo assim olhei o sol e a cidade lá do alto. olhei o céu no meio do dia e ao final da tarde. uma paisagem fora de mim para acompanhar o que se passa aqui dentro. também tive companhia, mesmo que a solidão desse ares de existir por entre os vários pensamentos. 

Etc, Caetano Veloso



Estou sozinho, estou triste etc.
Quem virá com a nova brisa que penetra
Pelas frestas do meu ninho
Quem insiste em anunciar-se no desejo
Quem tanto não vejo ainda
Quem pessoa secreta
Vem, te chamo
Vem etc.

Autor desconhecido

Com o tempo, você vai percebendo que para ser feliz com uma outra pessoa, você precisa, em primeiro lugar, não precisar dela. Percebe também que aquela pessoa que você ama (ou acha que ama) e que não quer nada com você, definitivamente, não é o homem ou a mulher da sua vida. Você aprende a gostar de você, a cuidar de você e, principalmente, a gostar de quem também gosta de você. O segredo é não correr atrás das borboletas... É cuidar do jardim para que elas venham até você. No final das contas você vai achar não quem você estava procurando, mas quem estava procurando você.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Andarilhos

troque de língua com a minha. vamos desalinhar nossas bocas. não mais dois lábios sérios. nem mais um sorriso. uma coisa qualquer que não se entenda. teu cheiro, suor e saliva. talvez te olhe. quem sabe escureça. teremos mãos? estaremos sóbrios? desejo uma estrada perdida em teus pensamentos. na qual possamos ser andarilhos a vasculhar o tempo.

Parte de ti

pensei ter visto, entre os olhos da noite, você arrancar um pedaço de si. sonhei também que te tinha ao meu lado durante o sono e a vigília. te ouvi descer os degraus da escadaria, romper a porta, sumir com os ruídos da cidade. quedei macia nos travesseiros da noite, acomodando o meu corpo no cheiro do quarto. no meio do sonho, acordei tristonha, a procurar teu pedaço que pensei ter ouvido cair ao meu lado. era tarde da noite, era a madrugada em silêncio e eu te lendo, sorrindo em memória, colhendo graciosa uma parte de ti.

Fernando Pessoa



Paisagens, quero-as comigo.
Paisagens, quadros que são...
Ondular louro do trigo,
Faróis de sóis que sigo,
Céu mau, juncos, solidão...

Uma pela mão de Deus,
Outras pelas mãos das fadas,
Outras por acasos meus,
Outras por lembranças dadas...

Paisagens... Recordações,
Porque até o que se vê
Com primeiras impressões
Algures foi o que é,
No ciclo das sensações,

Paisagens... Enfim, o teor
Da que está aqui é a rua
Onde ao sol bom do torpor
Que na alma se me insinua
Não vejo nada melhor.

Eu mesma eu

 
Não quero ser nada mais do que eu mesma.

Coração Vagabundo, Caetano Veloso


Meu coração vagabundo quer guardar o mundo em mim.

Ser grande


sonhei que dividia a minha cama com os sonhos de outro alguém.que me enlaçava em braços e pernas com nuvens e que sorria dormindo.sonhei ainda que o meu sonho acordava em beijos e abraços com os sonhos dele. corri pela cama porque me tornei pequena e abri todos os livros da estante para voltar a ser grande.

Receita



Para ser livre: muito sol, boa companhia e a consciência tranquila.

Pensando

Ando pensando na morte como quem pensa na vida.

Zempre

Nada nem mesmo

Nada nem ninguém tem o poder de tirar a gente da gente mesmo. Tem coisas que são pra sempre.

Lamento


... e ainda tem pessoas que pensam que são o centro do universo, ou o que é pior, da minha vida.

Esquece

Vê se me esquece pra eu te esquecer.

Tu, acredite!

Tu, que me lês sem querer ter lido
Que engole minhas palavras empurradas com desgosto
Abre minha vida várias vezes ao dia
Sente tristeza quando eu sinto alegria

Faz isso pra criar o que dizer
O que ressentir, o que viver
Perde o seu tempo com o meu tempo
Chega em mim sem eu nem sei
És um fantasma, um agouro, uma chaga
Traz em si a podridão dos abutres
Feliz quando vê a carne fétida
Podre e já comida

Tu que me lês sem querer ter lido
Que decifra minhas linhas do seu jeito egoísta
Espia meus momentos mais vezes do que gostaria
Olha tudo com um prazer macabro
Vê dor onde eu vejo prazer

Faz isso pra escrever a sua vida
O que querer, pra que viver
Investe o seu tempo no meu tempo
Nem sabe que eu sempre sei
És só amor fingido
Que se alimenta do meu desejo
Sonhando com o que já tive
Sofrendo com o meu viver

Tu que me lês sem querer ter lido
Que faz dos meus escritos as suas amarguras
Escarafuncha meu viver até antes dos meus próximos
Faz deles o motivo da sua tristeza
Nem vê que ela não depende de mim

Faz isso porque não tem coragem
De ver que o seu destino não depende do meu
Que o seu amor impossível não é Romeu nem Julieta
É simplesmente falta de ser
Qualquer coisa que não aconteceu
Uma promessa desfeita
Filho morto antes mesmo de nascer

Tu que me lês sem querer ter lido
Deve agora estar me lendo talvez pela última vez
Sorvendo cada palavra que agora sim é pra você
Faz dela minha mágoa, minha tristeza
Vômito claro pra te ler

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Wave, Tom Jobim

Vou te contar
Os olhos já não podem ver
Coisas que só o coração pode entender
Fundamental é mesmo o amor
É impossível ser feliz sozinho
O resto é mar
É tudo que eu nem sei contar
São coisas lindas que eu tenho pra te dar
Vem de mansinho a brisa e me diz
É impossível ser feliz sozinho
Da primeira vez era a cidade
Da segunda o cais e a eternidade
Agora eu já sei
Da onda que se ergueu no mar
E das estrelas que esquecemos de contar
O amor se deixa surpreender
Enquanto a noite vem nos envolver
Vou te contar
Os olhos já não podem ver
Coisas que só o coração pode entender
Fundamental é mesmo o amor
É impossível ser feliz sozinho
O resto é mar
É tudo que eu nem sei contar
São coisas lindas que eu tenho pra te dar
Vem de mansinho a brisa e me diz
É impossível ser feliz sozinho
Da primeira vez era a cidade
Da segunda o cais e a eternidade
Agora eu já sei
Da onda que se ergueu no mar
E das estrelas que esquecemos de contar
O amor se deixa surpreender
Enquanto a noite vem nos envolver

Despertei


É como se tivesse feito uma longa viagem ou dormido por muito tempo.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Come-morar


Esperando o momento certo para come-morar.

Anne Julie, sou fã

Jornal do Brasil - 31/08/2010 - Por Bolívar Torres


Demorou, mas aconteceu. E da melhor maneira possível: a obra de Raymond Carver, um dos mais influentes escritores americanos da segunda metade do século 20, ganha finalmente uma edição abrangente no país. Reunidos em um único volume e organizados em ordem cronológica, 68 contos de Raymond Carver (Companhia das Letras. 712 pp., R$ 54 - Trad. Rubens Figueiredo) compensa o vácuo editorial brasileiro, preenchido até então por apenas três publicações não tão representativas do trabalho do escritor (Short cuts, com nove contos que inspiraram o filme homônimo de Robert Altman; Fique quieta, por favor, a sua primeira coletânea, de 1976; e Iniciantes, obra póstuma que revelava a versão “sem cortes” de seu segundo livro, O que falamos quando falamos de amor, de 1981). Era, sem dúvida, muito pouco para aquele que era conhecido como o principal renovador do interesse pela short story nos Estados Unidos.

Estranha

Estranha no próprio corpo.

Vale quanto pesa


Quanto você ganha pra me enganar
Quanto você paga pra me ver sofrer
É quanto você força pra me derreter
Sou forte feito cobra coral
Semente brota em qualquer local
Um velho novo cartão postal, cartão postal
Aquela madrugada deu em nada, deu em muito, deu em sol
Aquele seu desejo me deu medo, me deu força, me deu mal
Ai de mim, de nós dois
Ai de mim, de nós dois
Vale quanto pesa, reza a lesa de nós dois
Ai de mim, de nós dois
Temos um passado já marcado não podemos mentir
Beijos demorados afirmados não podemos mentir

Estado


Naiana amor ando.