quarta-feira, 30 de março de 2011

não diga nada

não diga nada não
deixe o tempo costurar
essa linha nossa trança
tua dança  meu enlevo

não diga nada nem não
pro tempo poder sarar
essa lua nosso verso
teu enredo meu fervor

tampouco pense
o tempo faz passar
sem pesar nem dó
a tristeza

e a solidão

de longe

de longe
(vou continuar)
te amando
te sonhando
te lembrando

não sei fazer diferente.

Boda Espiritual, Manuel Bandeira

Tu não estás comigo em momentos escassos:
No pensamento meu, amor, tu vives nua
- Toda nua, pudica e bela, nos meus braços.

O teu ombro no meu, ávido, se insinua.
Pende a tua cabeça. Eu amacio-a... Afago-a...
Ah, como a minha mão treme... Como ela é tua...

Põe no teu rosto o gozo uma expressão de mágoa.
O teu corpo crispado alucina. De escorço
O vejo estremecer como uma sombra d'água.

Gemes quase a chorar. Suplicas com esforço.
E para amortecer teu ardente desejo
Estendo longamente a mão pelo teu dorso...

Tua boca sem voz implora em um arquejo.
Eu te estreito cada vez mais, e espio absorto
A maravilha astral dessa nudez sem pejo...

E te amo como se ama um passarinho morto.

Hoje...


preciso ser uma menina com uma flor.

de repente


de repente, o outono.

domingo, 27 de março de 2011

altos e baixos da moralidade


Para certas coisas não há regras, nem medidas, nem padrões. Certas coisas não vem com manual de instruções, nem prazo de validade. Mesmo que alguém tente lhe convencer do contrário, não acredite.

Amelie Poulain

São tempos difíceis para os sonhadores...

minutos


em algum momento, esquecemos de ajustar os minutos.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Balança, Saramago

Com pesos duvidosos me sujeito
À balança até hoje recusada
É tempo de saber o que mais vale:
Se julgar, assistir, ou ser julgado.
Ponho no prato raso quanto sou,
Matérias, outras não, que me fizeram,
O sonho fugidiço, o desespero
De prender violento ou descuidar
A sombra que me vai medindo os dias;
Ponho a vida tão pouca, o ruim do corpo,
Traições naturais e relutâncias,
Ponho o que há de amor, a sua urgência,
O gosto de passar entre as estrelas,
A certeza de ser que só teria
Se viesses pesar-me, poesia.

terça-feira, 22 de março de 2011

quinta-feira, 17 de março de 2011

Fruta Boa, Milton Nascimento

É maduro o nosso amor, não moderno
Fruto de alegria e dor, céu e inferno
Tão vivido o nosso amor, convivência
De felicidade e paciência
É tão bom...

O nosso amor comum é diverso
Divertido mesmo até, paraíso
Para quem conhece bem
Os caminhos
Do amor seu vai e vem
Quem conhece

Saboroso é o amor, fruta boa
Coração é o quintal da pessoa
É gostoso o nosso amor
Renovado é o nosso amor
Saboroso é o amor madurado de carinho

É pequeno o nosso amor, tão diário
É imenso o nosso amor, não eterno
É brinquedo o nosso amor, é mistério
Coisa séria mais feliz dessa vida
Vida

Saboroso é o amor, fruta boa
Coração é o quintal da pessoa
É gostoso o nosso amor
Renovado é o nosso amor

Saboroso é o amor madurado de carinho
É pequeno o nosso amor, tão diário
É imenso o nosso amor, não eterno
É brinquedo o nosso amor, é mistério
Coisa séria mais feliz dessa vida
Vida

o que foi

o que foi
ou poderia
ter sido
nos leva
a um único
ponto
no qual 
convergimos:
o presente