sábado, 11 de setembro de 2010

Olmo, Sylvia Plath

Sei o que  há no fundo, ela diz. Conheço com minha própria raiz.
Era o que você temia.
Eu não: já estive lá.

É o mar que você ouve em mim.
Suas frustrações?
Ou a voz do nada, essa é sua loucura?

O amor é uma sombra.
Como você chora e mente por ele.
Ouça: estes são seus cascos: fugiram, como cavalos.

Vou galopar a noite inteira assim, impetuosa,
Até que sua cabeça vire pedra, seu travesseiro vire turfa,
Ecoando, ecoando.

Ou devo te trazer o borbulhar das poções?
Isso agora é chuva, esse silêncio imenso.
E este é seu fruto: branco-metálico, como arsênico.

Sofri a atrocidade dos poentes.
Queimada até as raízes
Meus filamentos ardem e ficam, emaranhados de arames.

Meus estilhaços se espalham em centelhas.
Um vento violento assim
Não suporta obstáculos: preciso gritar.

A lua, também, não tem pena de mim: me engole
Cruel e estéril.
Seus raios me arruínam. Ou quem sabe a peguei.

Eu a deixo ir, ir
Magra e minguante, como depois de uma cirurgia radical.
Seus pesadelos me enfeitam e me possuem.

Dentro de mim mora um grito.
De noite ele sai com suas garras, à caça
De algo pra amar.

Sou aterrorizada por essa coisa negra
Que dorme em mim;
O dia inteiro sinto seu roçar leve e macio, sua maldade.

Nuvens passam e se dispersam.
São estas as faces do amor, pálidas, irrecuperáveis?
Foi pra isso que agitei meu coração?

Sou incapaz de mais compreensão.
E o que é isso agora, essa face
Assassina em seus galhos sufocantes? -

O beijo traiçoeiro da serpente.
Petrifica o desejo. Esses são os erros, solitários e lentos,
Que matam, matam, matam.

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