sexta-feira, 27 de julho de 2012

Poema Transitório, Mario Quintana



Eu que nasci na Era da Fumaça: ---- trenzinho
vagaroso com vagarosas
paradas
em cada estaçãozinha pobre
para comprar
             pastéis
             pés-de-moleque
             sonhos
---- principalmente sonhos!
porque as moças da cidade vinham olhar o trem passar:
elas suspirando maravilhosas viagens
e a gente com um desejo súbito de ali ficar morando
sempre... Nisto,
o apito da locomotiva
e o trem se afastando
e o trem arquejando
é preciso partir
é preciso chegar
é preciso partir é preciso chegar...
Ah, como esta vida é
                        urgente!
... no entanto
eu gostava era mesmo de partir...
e ---- até hoje ---- quando acaso embarco
para alguma parte
acomodo-me no meu lugar
fecho os olhos e sonho:
viajar, viajar
mas para parte nenhuma...
viajar indefinidamente...
como uma nave espacial perdida entre as estrelas.

Nenhum comentário: