O livro, escrito a quatro mãos, marca o início da geração beat. Escrito em 1945, pelos então inéditos Burroughs e Kerouac, o livro relata uma trama entre jovens amigos na cidade de New York. Os personagens, quase sempre bêbados, passeiam pela cidade, entre bares, ruas e apartamentos com uma certa carga de poesia, drogas e mulheres. As experiências vividas por aquele grupo de jovens acaba culminando no assassinato passional de David Kammerer pelo adolescente Lucien Carr, ambos amigos dos dois escritores.
A narrativa é quase um relato dessa geração perdida que, alheia à Segunda Guerra Mundial, vivem sem trabalhar, apoiados na boa vontade de amigos que sustentam seus vícios e alimentam neles a continuidade desse estilo de vida. O texto é duro, franco e extremamente real.
Curiosidades
O livro foi mantido inédito ao longo de décadas, pois os personagens, todos reais, especialmente o autor do crime, impediam sua publicação. Antes dele, Kerouac estreiou na literatura com Cidade pequena, cidade grande, em 1950. Bourroughs, junto com Kerouac e o poeta Ginsberg formaram a generation beat.
Este livro foi escrito por dois zés-ninguém e a respeito de pessoas de que ninguém nunca ouvira falar na época. Eles escreveram juntos, alternando os capítulos. Há, portanto, uma separação clara entre o que cada um escreveu. Assim, conforme as coisas vão acontecendo, descobrimos que um narrador sabia algo que o outro não sabia e assim a trama é construída.
O livro é rodeado de curiosidades, a começar pelo título que foi baseado numa notícia de rádio que anunciava um incêndio num circo ou zoológico. Na edição da Companhia das Letras há um posfácio interessante que conta sobre os fatos reais que envolvem os autores e a história contada.
Sobre os autores
Hal Chase, Jack Kerouac, Allen Ginsberg, William S. Burroughs, Morningside Heights, New York City, 1944 - 1945
Burroughs nasceu em 1914, em Saint Louis, Missouri. Outro beat de primeira hora, foi dependente de heroína, de forma intermitente por muitos anos. Estreou com Junk, sobre o bas-fond da droga pesada nos Estados Unidos e no México. Sua obra mais importante é Almoço nu, de 1959, mescla delíros sádicos, homossexuais e paranóicos induzidos pela heroína. Morreu em 1997.
Marca-livro
Quinta à noite encontrei Helen no Chumley’s. Helen era recepcionista do Continental Café. Pedimos vermute com soda, e o primeiro eu bebi de um gole só. Estava com tanta sede de ter corrido o dia inteiro por aí que sentia como se minha boca fosse pular naquele vermute feito um desenho mexicano que eu tinha visto num museu que mostrava um cara com a boca saltando na ponta de um tubo comprido, como se a boca não pudesse esperar pelo resto do rosto. Na metade do segundo vermute, comecei a me sentir melhor e deixei minha mão pousar no joelho nu de Helen e apertei.
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