quarta-feira, 17 de novembro de 2010

método/ depoimento, Diego Grando


meus versos eu encontro por acaso
sozinhos num boteco - copo e rum -
que mostram muito e mesmo assim são rasos
não levam a ninguém, lugar nenhum
e mancam de sentido ou tem o prazo
vencido (noves fora sobra um):
brevíssimos insights cotidianos,
paredes de azulejo e desenganos.

enquanto eu os anoto em guardanapos
translúcidos - fritura de croquete -
um disco do roberto vai da capo
ao fim, e como se fosse um canivete
o grito de uma kombi corta o papo
(no vidro uma plaqueta: faço frete)
de velhos companheiros de estudo,
de trilha e de gamão, xadrez e ludo.

é essa a minha nova arte poética
e posso garantir que faz sentido
e mais, que tenho intuição profética
que vejo muito além e assim tem sido:
o nada retratado em minha estética
estática e instantânea é conhecido
de todos (do graçom ao cozinheiro)
e ecoa como frases de banheiro.

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